Startup busca fatia no bilionário mercado da menopausa

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Empreendedoras entram no mercado bilionário da menopausa com a criação da femtech Plenapausa 

Márcia Cunha e Carla Moussali acompanharam de perto as experiências de suas mães com a menopausa. As histórias são diferentes, mas têm um ponto em comum: a falta de informação que essas mulheres tinham sobre o período. O tema ainda é um tabu e a maioria das mulheres têm pouco conhecimento sobre a menopausa e as mudanças causadas por ela. De acordo com uma pesquisa da empresa de venture capital Female Founders Fund de 2020, quase dois terços das entrevistadas (64%) se sentiram despreparadas para a menopausa. “A maternidade está associada à vida, mas a menopausa ainda é vista como algo negativo e isso assusta a mulher”, diz Carla.

Foi com isso em mente que Márcia e Carla fundaram, no ano passado, a Plenapausa, primeira femtech brasileira focada em informar as mulheres sobre a menopausa e oferecer produtos que solucionam alguns de seus principais sintomas. E hoje (20), em comemoração ao Dia Mundial da Menopausa, na última terça-feira (18), elas estão lançando um aplicativo para acompanhar as mulheres durante o climatério.

Depois de encontrar um problema a ser resolvido, as empreendedoras pesquisaram esse mercado que, apesar de pouco explorado no Brasil, tem um grande potencial. Isso porque a população global de pessoas no pós-menopausa está crescendo. Em 2021, as mulheres com mais de 50 anos eram 26% de todas as mulheres e meninas globalmente, um aumento de 22% em relação à década anterior. Segundo a OMS, até 2030, haverá mais de 1 bilhão de mulheres na menopausa.

Globalmente, esse mercado foi avaliado em US$ 15,4 bilhões (R$ 81,3 bilhões) em 2021, e deve crescer a uma taxa anual de 5,29% até 2030, segundo relatório da consultoria Grand View Research. São US$ 600 bilhões (R$ 3 trilhões) em oportunidade para as empresas, de acordo com a Female Founders Fund, mas apenas 5% das femtechs fundadas em 2019 miraram nesse mercado, como Márcia e Carla e a atriz Naomi Watts. “O mercado feminino ainda é visto como um nicho. E convencer os investidores de que isso é importante ainda é muito complexo”, afirma Carla.

Atravessando a menopausa, Watts lançou a Stripes, uma femtech com produtos pensados para solucionar sintomas da menopausa. “Entrei nesse período completamente perdida e quero que as mulheres se sintam apoiadas”, disse ela em um vídeo da marca. 

A Plenapausa


As fundadoras da Plenapausa fizeram um investimento inicial de R$ 500 mil para cobrir os custos dos primeiros 24 meses da Plenapausa. E, 6 meses depois, obtiveram 12% do valor investido.

Márcia é economista e trabalhou mais de 18 anos no ambiente corporativo e cinco como psicanalista antes de decidir empreender. Advogada de formação, Carla já tinha uma empresa, a LinkFit, uma plataforma de monitoramento da saúde musculoesquelética. Ela foi mentora de Márcia num processo de aceleração e acabou se envolvendo diretamente com o negócio. “Eu sempre quis montar um fundo para investir em outras mulheres. E quando eu conheci a Márcia eu falei ‘eu não posso abrir um fundo, mas posso ajudar uma mulher’.” 

Elas querem democratizar as soluções para a menopausa, já que o tratamento de reposição hormonal não é acessível a todas. “Muitas mulheres acreditam que só há uma forma de resolver o problema, a terapia hormonal”, diz Carla. Mas a solução começa com a informação. “Mais de 60% das mulheres não sabem identificar os primeiros sintomas da menopausa. Muitas delas tentam procurar soluções isoladas para cada um deles”, diz Márcia.

Soluções para a menopausa


A maioria das mulheres atravessa a menopausa entre os 45 e 55 anos, segundo a OMS, como uma parte natural do envelhecimento biológico. Ela é causada pela perda da função folicular ovariana e um declínio nos níveis de estrogênio no sangue. A transição pode ser gradual, geralmente começando com mudanças no ciclo menstrual, mas assume diferentes formas em cada mulher. 

O período é conhecido justamente pelas alterações hormonais, que geralmente trazem sintomas como ondas de calor, interrupção do sono, queda de cabelo e secura vaginal. Desde o seu início, a Plenapausa digitalizou uma análise clínica para mapear como é esse momento para as mulheres. “A gente lançou essa avaliação no site, onde a gente indica em qual fase da menopausa essa mulher está e o nível de sintomas”, diz Márcia.

Os principais sintomas citados pelas mais de 4 mil mulheres avaliadas são falta de libido, cansaço, alteração de humor, ansiedade e insônia. E, de acordo com a Female Founders Fund, 32% das mulheres pesquisadas disseram que seu médico não se sente à vontade para falar sobre o assunto, o que faz elas buscarem apoio em outro lugar.

Márcia e Carla começaram a desenvolver produtos para apoiar as mulheres em relação aos sintomas. Hoje, elas vendem três fitoterápicos que regulam os sintomas e ajudam a ter mais disposição, energia, bem-estar emocional e uma boa noite de sono. “É uma forma democrática de aliviar os sintomas”, diz Márcia. 

Elas também sentiram a necessidade de criar uma comunidade em torno do tema. “A gente lançou o Prosas e Pausas, que é uma roda de conversa online mensal que está indo para a 12ª edição”, diz Márcia. Nesse período, mais de 200 mulheres se reuniram para compartilhar experiências e ouvir mulheres inspiradoras e especialistas, como a ginecologista Natacha Machado, a responsável clínica da startup. 

O aplicativo surge agora como uma solução para o 6 maior sintoma, as dores musculares e articulares, que atingem cerca de 80% das mulheres na menopausa. Para isso, a LinkFit, empresa de Carla, entra como parceira. “A nossa tese é tratamento, com os fitoterápicos ou reposição hormonal, e mudança de estilo de vida, com alimentação e atividade física”, diz Márcia.

Num primeiro momento, quem comprar os produtos terá acesso ao aplicativo durante o período de tratamento, com protocolos individuais desenvolvidos por especialistas e uma espécie de agenda para acompanhar todo esse período.

Menopausa e carreira


Com o aplicativo, as empreendedoras buscam ampliar sua atuação do B2C (business-to-consumer) para o B2B (business-to-business), em um momento em que as empresas passam a oferecer benefícios ligados à saúde. De acordo com os dados reunidos pela femtech, na menopausa, 87% das mulheres se sentem instáveis emocionalmente e 58% afirmam que se sentem menos produtivas no trabalho. “Na menopausa a mulher não é mais reprodutível. E existe uma ideia de que a mulher que não é reprodutível não é produtiva”, diz Márcia.

A menopausa muitas vezes coincide com um momento importante da carreira das mulheres, mas o assunto ainda está distante do mundo do trabalho. “Já ouvi relatos de executivas que estão no meio de uma reunião e começam a ter fogachos e se sentem intimidadas a falar algo”, conta Márcia. Segundo ela, as empresas precisam levar informação para suas funcionárias e promover um ambiente acolhedor.

Reportagem completa e publicação por Forbes , confira em: https://forbes.com.br/forbes-mulher/2022/10/empreendedoras-lancam-aplicativo-para-acompanhar-mulheres-na-menopausa/
Edição: Fernanda Almeida

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